Hoje teria muita coisa para escrever aqui... Histórias sobre monstros, fantasmas e afins... Mas, por um lado, só uma pessoa iria perceber totalmente essa conversa, sem que fossem necessárias grandes explicações; e por outro, não encontrei ainda as palavras certas para explicar o que me passa pela cabeça nos últimos dias.
Por isso, hoje fala outro por mim... uma grande grande canção: Lover, you should've come over de Jeff Buckley. Enjoy! (e atenção à fantástica letra!)
sinto-me: Monstruosamente não-assustador
música: Lover, you should've come over - Jeff Buckley
A linha entre o interesse e o incómodo é, por vezes, muito ténue…
Uma mesma situação pode, aos olhos do nosso interlocutor, passar por um simpático interesse acerca da sua pessoa ou por uma intromissão na sua liberdade de simplesmente não querer aturar-nos.
Daí que nem sempre seja assim tão fácil perguntar a alguém se quer combinar alguma coisa, se está livre nessa noite, se quer beber um café… ou até se está tudo bem com a sua vida.
Este dilema tem tanto de ridículo como de desesperante. Estar durante uns largos minutos a olhar para o telemóvel, tentando decidir se se deve ou não ligar ou enviar sms a determinada pessoa, convidando-a para um simples programa envolvendo um café e uma conversa, é algo estupidamente comum. Ao que se seguem, inevitavelmente, mais uns 10 ou 15 minutos a tentar encontrar as palavras menos más a usar para efectuar o referido convite.
E depois vem a espera… A espera pela resposta em que, durante alguns instantes, nos passam pela cabeça mil razões diferentes para justificar o facto de que não se deveria ter feito o tal convite… ou não, talvez tenha sido boa ideia… não, não vai aceitar, por isso foi estupidez mesmo… mas quem sabe se desta vez diz que sim… ou será que estou a passar por chato?
A mim parece-me uma dúvida fundamental! Afinal de contas… se não tentamos, dá a ideia de que não existe qualquer interesse pelo outro, que não lhe ligamos, que não temos grande vontade em aprofundar a relação (seja ela de simples amizade ou algo mais) e esta acaba por se perder, frequentemente sem que tivesse sequer começado; mas se insistimos (após uma primeira nega, ou se vamos tentando de tempo a tempo), acabamos vezes demais a passar por chatos, colas, incómodos, que algum interesse mais ou menos oculto e obscuro devem ter com certeza!
Bolas, porque é que isto é tudo tão difícil? Porque é que não nos damos todos mais oportunidades uns aos outros?!
P.S.: Se é difícil convidar para um simples café... quão mais difícil é dizer-se que se tem saudades de alguém…!
O stress do dia-a-dia vai tomando conta de nós, as preocupações, os problemas, as dificuldades, o muito que há para fazer vão-se aos poucos apoderando dos nossos pensamentos e consumindo as nossas energias. Até que chegamos, de vez em quando, a momentos em que parece que todo o ruído que nos rodeia e o que povoa a nossa mente parecem conjugar-se em perfeita harmonia, de modo a derreter por completo todo e qualquer neurónio ainda resistente, deixando-nos sem capacidade de reacção, de concentração ou até da mais elementar compreensão do que ouvimos, vemos ou pensamos. E nesse momento, em que nas sinapses no nosso cérebro parecem ter parado todas transmissões, é como se todo o mundo à nossa volta estivesse a ruir em estrondo e nós estivéssemos ali, paralisados, sem capacidade de perceber nada do que se passa em redor, sentindo apenas uma profunda confusão, frustração e cansaço.
Mas eis que, de repente, dois faróis azuis me resgatam desta tempestade nuclear, mostrando-me o caminho de regresso à calma, à serenidade, à paz. Um salvamento impressionantemente simples, para quem ainda há segundos atrás se sentia esgotado, sem forças.
Confirma-se! A nossa energia provém, antes de mais, das pessoas de que gostamos e admiramos. E eu… eu ando demasiado cansado!