Segunda-feira, 22 de Junho de 2009

Antigas memórias de tempos futuros...

 

Abro os olhos lentamente e a custo… algum ruído, que não consigo ainda identificar, me acordou. Os traços luminosos de cor âmbar que vêm do relógio despertador dizem-me que são 08:30. Já? Estou atrasado! Então hoje isto não apitou porquê? Não, calma… hoje é domingo! Enquanto o coração volta a acalmar o seu ritmo, pergunto-me afinal que ruído foi aquele que me acordou? Ao meu lado tu dormes ainda, na mesma posição em que me lembro de ver-te aconchegar para dormir…

 

O ruído vem de fora do quarto. Levanto-me o mais silenciosamente possível, para te deixar descansar mais uns minutos. Ao passar pela sala confirmo as suspeitas sobre o tal ruído misterioso! Na idade dela também me levantava cedo ao fim de semana para devorar todos os desenhos animados que a televisão passava, algures entre as 7 e as 11 da manhã. Nessa altura, entre a Rua Sésamo, os Amigos do Gaspar, o Sport Billy e os Power Rangers (os originais!), a manhã parecia correr rapidamente até chegar a hora do almoço. Agora os programas são bastante diferentes… mas o fascínio parece manter-se inalterado. Estranhamente, hoje o irmão resolveu não a acompanhar no rito semanal dos desenhos animados madrugadores. Dorme ainda.
 
Regresso à sala, onde me sento ao lado dela, tentando descobrir o inadiável interesse do que a televisão passa e que torna inaceitável estar mais tempo na cama. Quando lhe pergunto porque é que aquele ser impossível de identificar (será certamente um qualquer espécime alienígena) acaba de destruir em mil pedaços um qualquer objecto indecifrável para mim, ela limita-se a responder-me “Oh pai, não percebes nada!” enquanto me abraça pelo pescoço… Ora toma, já não tens idade para perceber desenhos animados, já devias saber isso!!
 
Passados uns minutos, somos já três a delirar com os desenhos animados, quando então tu entras na sala a dizer que bem te parecia que tinhas três crianças a teu cargo! A vingança não se faz esperar… “moche à mãe!!”… e lá vamos nós a correr atrás de ti, enquanto finges não conseguir correr suficientemente rápido para conseguir fugir da perseguição implacável de duas crianças ainda pequenas e um adulto que resolveu ajudá-las!
 

Enquanto eles regressam à sala, nós ficamos mais uns segundos deitados no chão. Abraçamo-nos… tento passar para palavras o que me passa pela cabeça… que dás sentido à minha vida, que sou verdadeiramente feliz ao teu lado, que valeu a pena passar por tudo para ficarmos juntos… limito-me a dizer-te ao ouvido: “amo-te tanto”. Isso basta. Nessas palavras está condensada toda a nossa história, passado, presente e futuro. E isso, o bom e o mau, nunca desaparecerá.

 

música: Time's a wastin' - June Carter & Carl Smith
sinto-me: Velho!
publicado por Nuno às 11:56
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Sábado, 13 de Junho de 2009

Eh Eh Eh Eh, este ano é que é...

 

A noite de Santo António, em pleno coração de Lisboa, é sempre animada. Entre a tentativa de conseguir um jantar minimamente decente numa qualquer tasca com meia dúzia de mesas na rua, a paragem obrigatória na ginginha (mas atenção, não é nessa ginginha! É na outra lá mais acima um bocadinho, que tem menos gente!), a passagem (não menos obrigatória) pelo campo das cebolas, onde se dança ao lado de caixotes do lixo fedorentos a transbordar de espinhas de sardinha, a caminhada em fila bem apertadinhos no meio da multidão até ao bailarico no Largo do Salvador (viva Alfama!!) e a caminhada (ainda mais apertada) até à igreja de Santo António, muito se bebe, canta, dança, brinca… E se, de facto, a parte dos apertões no meio da multidão não é das mais agradáveis, a verdade é que o bailarico, o convívio, o cantar às velhotas que aparecem sempre à janela no Largo do Salvador, as inúmeras parvoíces que se dizem e a companhia dos amigos compensam sempre largamente tudo isso.

 
Mas claro que a noite de Santo António não acaba sem uma visita ao próprio, com a devida formulação de inúmeros pedidos de índole amorosa (alguns próprios, outros encomendados ou até oferecidos!), seguidos do atirar das moedas ao Santo, que imediatamente demonstra a futura realização ou não de tais desejos, consoante as moedas cheguem efectivamente a atingir o Santo.
 
E o que me faz vir a esta hora escrever (compensando o facto de a velhice já nos ter feito voltar para casa bem mais cedo do que é costume…) é que aconteceu algo que, aparentemente, tem de ser comunicado a toda a humanidade inadiavelmente!!! Bom, pelo menos a julgar pela reacção de uns casais que estavam atrás de mim, que eu não conhecia de lado nenhum, mas que logo desataram aos gritos, numa grande festa em minha honra, dando-me os parabéns por eu ter feito uma das minha moedas ficar em cima da bíblia do Santo, sem voltar a cair. Aparentemente isso quer dizer que me caso este ano…
 

Portanto, queria só aqui dizer que este ano é que é!! Por isso, por favor vão preparando os fatos, as prendas, tudo… porque, pelo menos a julgar pelos tais casais desconhecidos (e quem sou eu para duvidar deles?!), deste ano não passa!!!

 

 

P.S.: Há vários textos a povoar este computador que estão a fermentar, à espera de tempo e inspiração para serem acabados, ou que estão simplesmente indecisos acerca do melhor momento para saltar para o lado de cá, onde mais pessoas os possam ler (talvez até indecisos se outras pessoas os devem ler)... Mas alguma coisa irá surgindo, a seu tempo.

 

música: Fado da Procura - Ana Moura
sinto-me: Apertado!
publicado por Nuno às 05:03
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