É estranho como o tempo, que na realidade é constante (ou seja, demora tanto a passar quanto sempre demorou), a nós nos parece ser algo tão variável. Uma mesma quantidade de tempo parece-nos umas vezes demasiado rápida, outras demasiado lenta… às vezes parece durar uma eternidade, outras parece ter passado num ápice. E por isso, às vezes torna-se difícil perceber quando é que uma certa porção de tempo é excessiva ou curta: porque o tempo, que anda sempre ao mesmo ritmo, parece-nos sempre bastante subjectivo e variável.
Há situações em que um ano é claramente tempo a mais. Outras em que é objectivamente pouco. E no entanto continuam a ser, em ambas as situações, os mesmos 365 dias (ou 366, como neste ano), as mesmas 8.760 horas (ou 8.784), os mesmos 525.600 minutos (ou 527.040)…
Só para dizer que os últimos 527.040 minutos da minha vida foram claramente tempo a mais sem ver alguém que é importante para mim. Aliás, até custa a admitir que já passaram 8.784 horas desde a última vez que vi essa pessoa. Especialmente porque, mesmo ao fim de 366 dias, continuo sem encontrar motivos para não a ver.
A vida vai correndo, os dias vão passando, as ideias vão mudando, os sentimentos vão assentando… Mas as pessoas que nos são realmente queridas fazem-nos sempre falta. Mesmo quando o espaço que ocupam em nós e o papel que desempenham na nossa vida se alteram. E é isso que me faz sentir uma profunda saudade dessa pessoa que, apesar de uma forma completamente diferente, continua a ser tão importante para mim.