Lá fora, o carro e a rua estavam completamente molhados. Não chovia, mas a humidade do ar era tanta, que a água quase escorria pelo empedrado daquela viela fracamente iluminada. O ar que saía da boca condensava rapidamente, enquanto o corpo tremelicou por um segundo sentindo o frio que estava lá fora, ao fechar as portadas da janela do quarto, já apenas com o pijama vestido.
Ela entrou no quarto, no seu pijama com ursinhos, fechou a porta e deitou-se na cama, aninhando-se bem nos lençóis e na meia dúzia de cobertores que davam peso mas ainda não muito calor.
- Está frio… está muito frio…
- Oh, aqui dentro não está tanto frio assim!
Ele juntou-se a ela, já com o (emprestado) computador ligado à electricidade, para prevenir que a sessão cinematográfica ficasse a meio por falta de bateria… certamente mais tarde faltaria a coragem de sair da cama quente.
127 minutos depois o sono já era algum, mas os olhos estavam ainda bem abertos, encantados com o que acabavam de ver. Mas acima de tudo, com vontade de ver mais… com vontade de olhar para o lado. Quente é a melhor palavra para descrever o beijo. Quente porque fez esquecer por completo o frio que pairava no ar. Quente porque aqueceu os dois corações que ali se encontraram…
Talvez um dia chegue mesmo a pôr por escrito esta história que me vem das profundezas mais insondáveis da minha cabeça, ou do meu coração… Talvez possa vir a dar um bom livro, quem sabe?! Tenho um começo, um meio… falta-me inventar um fim.